Segundo Mattoso Câmara (1981) é uma figura de linguagem que dá realce a um termo, ligando-o a outro termo que não é, logicamente, o seu correspondente determinado. Ou seja , atribuir-se a um ser ou coisa uma qualidade ou ação que pertence a outro ser que também está na frase.
Ex.: o mistério hebreu das vozes dos poetas - em vez de - o mistério das vozes dos profetas hebreus.(Guimarães apud Mattoso Câmara)
Exs. de Eça de Queirós: "(...) as lojas LOQUAZES dos barbeiros."( por: as lojas dos barbeiros LOQUAZES)
"As tias, fazendo as suas meias SONOLENTAS."(Por: as tias SONOLENTAS fazendo as suas meias.)(apud Rocha Lima [2000]).
Vejamos uma questão de concurso sobre esta figura de linguagem:
(Nucepe/Uepi-SEMAG- PROFESSOR de LÍNGUA PORTUGUESA -2020)
“Hipálage: consiste em deslocar um determinante de uma posição sintática, em que, por razões semânticas, se esperaria que ele estivesse, para outro lugar, em que contrai uma relação de determinação com outro termo.” (FIORIN, José Luiz. Figuras retóricas. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2014, p. 66)
A figura de linguagem explicada, estritamente literária, exemplifica-se com
a) “manchas brancas que eram ossadas” (1o parágrafo).
b) “O voo negro dos urubus fazia círculos altos” (1o parágrafo). (Gabarito)
c) “fazia círculos altos em redor de bichos moribundos” (1o parágrafo).
d) “Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural” (5o parágrafo).
e) “Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça” (3o parágrafo).
Marcelo Rosenthal, na sua Gramática para concursos(2011), confirma o gabarito com o mesmo exemplo da questão. O voo não é negro, mas sim os urubus, assim negro é um qualificativo para urubus.
Referências
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso. Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis: Vozes,1981.
LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos.5.ed.Rio de Janeiro. Campus concursos, 2011.