sábado, 16 de outubro de 2021

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE : PORQUÊ, PORQUE, POR QUÊ e POR QUE


Quem nunca teve dúvidas de quando usar um desses quatros porquês? Se tem um assunto espinhoso de língua portuguesa é este. 


1) A  forma POR QUE pode ser: 

A)  Uma locução adverbial interrogativa de causa, equivalendo POR QUAL RAZÃO/MOTIVO ou O MOTIVO PELO QUAL. As frases interrogativas podem aparecer com o sinal "?" nas perguntas diretas , e sem "?" nas indiretas:

Exs.: POR QUE vocês fizeram aquilo?

         Não sei POR QUE eu fiz isso.

         POR QUE não escreveu o texto para o blogue?

B) Combinação de "POR"( preposição)+ "QUE"(Pronome indefinido), poderá ser substituído pelo "POR QUAL".

Exs.: Compreendi POR QUE(por qual) motivo você  fez isso.
        Quis saber POR QUE motivo faltei ao jogo.

C)Combinação da preposição POR , exigida por uma palavra + a conjunção integrante QUE.
Exs.: Ansiava POR QUE a noite terminasse logo( Cegalla)

D) Combinação da preposição POR+ pronome relativo QUE , poderá ser substituído por PELO QUAL ( e variações )
Ex.:  Não revelou o motivo POR QUE não compareceu à reunião.(Cegalla)

2)A forma PORQUE pode ser:

A) Conjunção causal, equivalendo A UMA VEZ QUE , VISTO QUE:

Ex.: Ele reclama PORQUE é preguiçoso.

b)Conjunção explicativa, equivale a POIS:

Ex.: Ele devia estar com frio, PORQUE tremia.

C) Conjunção final equivalendo a PARA QUE  A FIM DE QUE, segundo Mário Barreto, Luiz Antônio Sacconi,Pasquale C. Neto, Ulisses Infante, etc. Cegalla dia ser raro o uso do porque final atualmente, ele ocorre com frequência em autores clássicos:
Exs. : Acautelai-vos , PORQUE não vos iludam.(Cegalla)
Filho,toma do meu coração um pouco, PORQUE sejas esforçado e sem medo... ( Mário Barreto )

* Com a conjunção PORQUE não se pode subentender a palavra motivo.

3)A forma POR QUÊ
 Escreve-se no final da frase ou depois de uma pausa acentuada , o QUE deve ser acentuado por ser uma palavra tônica: 
Exs. : Os dois brigaram POR QUÊ? 

Agora você soube POR QUÊ , certo? (Fernando  Pestana)

Não sei POR QUÊ nem como aquilo ocorreu ( Fernando Pestana )
Cuidado:  Não se usar POR QUÊ antes de vírgula marcando intercalação, segundo o professor Fernando Pestana. 

4)A forma PORQUÊ 
É  um substantivo e normalmente vem acompanhado de um determinante  (artigo, pronome, numeral, adjetivo ou locução adjetiva). É sinônimo de causa, motivo, razão. Pode ir ao plural e será escrita sempre junta e com acento.
Exs .: Ele ignora o PORQUÊ de muitos fenômenos naturais.

Acredito que os verdadeiros PORQUÊS mais uma vez não vieram à luz hoje na CPI. 

         Referências 
BARRETO, Mário. Factos da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro, Org. Simões, 1954.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.
COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium,2004.
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed.  Rio de Janeiro. Editora método,  2019.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

HIPÁLAGE

    Segundo Mattoso Câmara (1981) é uma figura de linguagem que dá realce a um termo, ligando-o a outro termo que não é, logicamente, o seu correspondente determinado. Ou seja , atribuir-se a um ser ou coisa uma qualidade ou ação  que pertence a outro ser que também está na frase
 
Ex.: o mistério hebreu das vozes dos poetas - em vez de - o mistério das vozes dos profetas hebreus.(Guimarães apud Mattoso Câmara)

Exs. de Eça de Queirós: "(...) as lojas LOQUAZES dos barbeiros."( por: as lojas dos barbeiros LOQUAZES)

"As tias, fazendo as suas meias SONOLENTAS."(Por: as tias SONOLENTAS fazendo as suas meias.)(apud Rocha Lima [2000]).

Vejamos uma questão de concurso sobre esta figura de linguagem: 

(Nucepe/Uepi-SEMAG- PROFESSOR de LÍNGUA PORTUGUESA -2020)
“Hipálage: consiste em deslocar um determinante de uma posição sintática, em que, por razões semânticas, se esperaria que ele estivesse, para outro lugar, em que contrai uma relação de determinação com outro termo.” (FIORIN, José Luiz. Figuras retóricas. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2014, p. 66) 

A figura de linguagem explicada, estritamente literária, exemplifica-se com 

a) “manchas brancas que eram ossadas” (1o parágrafo). 

b) “O voo negro dos urubus fazia círculos altos” (1o parágrafo). (Gabarito)

c) “fazia círculos altos em redor de bichos moribundos” (1o parágrafo). 

d) “Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural” (5o parágrafo). 

e) “Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça” (3o parágrafo).  

    Marcelo Rosenthal, na sua Gramática para concursos(2011), confirma o gabarito com o mesmo exemplo da questão. O voo não é negro, mas sim os urubus, assim negro é um qualificativo para urubus. 

Referências  
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis: Vozes,1981.

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.

ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos.5.ed.Rio de Janeiro.  Campus concursos, 2011.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

FACE A

"Nos dialetos pesquisados, os encontros vocálicos que merecem destaque são os denominados ditongos, FACE A algumas peculiaridades em  relação ao Português padrão. "(Maria Nazaré Vieira, Aspectos do falar paraense,1983,p.69)

1))Expressão condenada pela maioria dos gramáticos normativos. Em nossa língua culta, há as locuções em face a /em face de.

2)) O  gramático Cegalla (2008) faz o seguinte alerta: "locução censurada pelos gramáticos e não acolhida pelos dicionaristas, mas frequente nos meios de comunicação e na literatura de hoje: 'Face, porém, à situação surgida, o acirramento de uma disputa seria inevitável.'(Jusce- 
lino Kubitschek, Manchete, 9/10/93.)" E acrescentar que 
"esta locução talvez seja imitação do francês moderno: Les Douze face à la nouvelle Europe. / Les femmes face au préservatif."

3)) A supressão da preposição em(em face a) é considerado barbarismo fraseológico.

4)) José Maria da Costa (2004)  lista os seguintes autores que não aceitam a locução : Napoleão Mendes de Almeida, Edmundo Dantès Nascimento, Geraldo Amaral Arruda, Luciano Correia da Silva e Arnaldo Niskier.
Mas... sempre tem um  gramático para dizer o contrário. E , neste caso ,  o Celso Pedro Luft (2002) é a voz divergente, que registra a locução sem maiores ressalvas. A expressão  em questão vem sendo usada a muito tempo , mesmo com a condenação dos gramáticos, em meios de comunicação e trabalhos acadêmicos.  Uma simples pesquisa no Google, comprova isso.
 
Referências 

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium,2004.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 8.ed. São Paulo: editora Ática, 2002. 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

PALÍNDROMOS

Palíndromo [do grego palíndromos, que corre atrás](Cegalla, 2008).

Então palíndromos são palavras ou frases  que podem  ser lidos nos dois sentidos, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita. Ou seja, "indiferentemente, da esquerda para a direita, conforme o sentido habitual da leitura, ou da direita para a esquerda, sem que haja mudança da sua significação. São também chamados de anacíclicos." Segundo nos informa a professora Flávia Neves, do site Norma Culta

Exemplos de palíndromos (palavras)
-afã;
-ala;
-ama;
-Ana;
-anã;
-anilina;
-arara;
-asa;
-ele;
-esse;
-mamam;
-matam;
-metem;
-mirim;
-mussum;
-oco;
-osso;
-ovo;
-racifica.

Exemplos de palíndromos (frases)
 -Aí, Lima falou: “Olá, família”.
-Roma me tem amor;
-Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos!
-A mala nada na lama;
-A grama é amarga;
-A Rita, sobre vovô, verbos atira;
- Rir, o breve verbo rir;
- Anotaram a data da maratona;
- Assim a aia ia a missa;
- A diva em Argel alegra-me a vida;
-A mala nada na lama;
- A torre da derrota;
- Saíram o tio e oito Marias;
- O lobo ama o bolo;
- A cara rajada da jararaca.

Números palíndromos
Os números palíndromos ou palindrômicos, também chamados de capicua, são números que podem ser lidos da esquerda para a direita ou vice-versa.(Cegalla, 2008).
Exemplos : 
-505;
-2002;
-878;
-1221;
-15651;
-865568;
-6321236.

Referências 
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.

NEVES,  Flávia . Palíndromo: exemplos de palavras e frases. Disponível em
<https://www.normaculta.com.br/palindromo-exemplos-de-palavras-e-frases/> acesso em 8 de Janeiro de 2021.

TORQUATO, Gaudêncio. Porandubas nº 384. 22 janeiro de 2014. Disponível em <https://migalhas.uol.com.br/coluna/porandubas-politicas/193982/porandubas-n--384> Acesso em 8 de janeiro de 2021.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

OXALÁ QUE...

A palavra OXALÁ (do árabe Enxá allah) tem como significado: se Deus quiser, queira Deus. É uma palavra de valor interjectivo. Segundo Mário Barreto, OXALÁ necessita de uma oração introduzida pela conjunção integrante QUE (pode ser omitida, segundo Barreto(1980 [1911]), Dias (1970 [1918]) e Cegalla(2008)) para denotar o objeto de desejo.

A) Oxalá que não chova no natal!

B) Oxalá não chova no natal!

Na análise sintática esta oração funciona como objeto direto([que] não chova no natal!) de OXALÁ. 
"No caso de elipse do conectivo QUE entre dois verbos, um subordinante e o outro subordinado, podemos incluir as construções de oxalá, que pede depois de si o verbo no subjuntivo precedido de Que" .(Barreto,1980). OXALÁ "expressa desejo e exige o verbo no subjuntivo.
Ex.: OXALÁ não sejam vãos tantos sacrifícios." (Cegalla,2008)
O mesmo vale, segundo Adriano da Gama kury (1991), para as palavras EIS e TOMARA, que também são palavras de valor intejerctivo, quando seguidas da conjunção integrante QUE, terão como objeto direto uma oração :
Ex.: TOMARA que chova. 
TOMARA: oração principal 
Que chova: oração subordinada objetiva direta
Isto vale para a palavra de origem controversa EIS, que sintaticamente possui valor de transitivo direto. 

Referências 
BARRETO, Mário. Novos estudos da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro, Presença, 1980.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.
DIAS, Augusto Epiphanio da Silva. Syntaxe histórica portuguesa. 5.ed. Lisboa: Livraria clássica editora , 1970.
KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática.5.ed. São Paulo : Ática,1991. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A pronúncia de MUITO

1)) Um dos mistérios mais persistentes da gramática histórica da  língua portuguesa . 
2)) MUITO é uma palavra nasal sem marca gráfica de nasalidade: til (~), m ou n. Este  é um caso único de ditongo nasal sem sinal de nasalação. “Está à espera de solução o obscuro problema das vogais que se nasalaram sem terem após si N ou M”, escreveu o eminente mestre Said Ali (1964). E acrescenta Mattoso Câmara (1981):"muito menos usual, é lícito ainda considerar um ditongo nasal /úy (n)/, que aparece em MUITO , sem indicação gráfica da nasalidade."
3)) Com frequência em redações de alunos e nas redes sociais podermos encontrar a grafia "muinto". O fenômeno aqui é bem fácil de explicar: a pronúncia da palavra (MUINTO/[/muyNtu/]) não corresponde a sua parte gráfica(MUITO). 
4)) A palavra MUITO se originou do latim MULTU, que durante a evolução da língua latina para a portuguesa, sofreu o processo de vocalização da consoante lateral, isto é, o fonema /l/ se transformou em /i/ , e o /u/ virou /o/.  No início, é bom lembrar que o ditongo /uy/ era oral, prova disso é a forma reduzida MUI, segundo alguns estudiosos. Com o tempo, a nasalidade da consoante M (de MUITO) foi assimilada pelo ditongo, que se tornou, /uyN/.
5)) Sobre a nasalação, Silveira Bueno (1968) diz que "a presença de uma nasal pode estender a sua influência assimiladora à vogal seguinte, nasalando-a também: mi/mim, mae/mãe, muito/muinto."
6)) A respeito da origem da nasalidade em MUI/MUITO, José Joaquim Nunes(1975 [1911]) afirma o seguinte: " embora MUI e MUITO  sejam formas clássicas, nas cantigas 38 e 453 do Cancioneiro da Ajuda[séc.XIII], aparecem já nasaladas, como mostram as grafias MUYN e MUINTO donde se conclui não se moderna na língua a nasalização(...)". Já o gramático Said Ali pensa diferente: " No extraordinariamente usado MUITO , foi tão tardia a mudança, que o cantor d'Os Lusíadas[séc. XVI] ainda podia dar-lhe para rima FRUITO e ENXUITO. Não se sabe a  data da alteração definitiva, porque em MUITO e MUI  nunca se assinalou - caso único - a vogal nasal pela escrita. Que em português antigo se pronunciava a tônica como U puro e fora de dúvida, porque, em caso contrário, não lhe faltaria o til, sinal tão profusamente usado naquela época."
7)) Este fenômeno fonético da nasalidade de "muito", todavia não é representado na nossa escrita(escreve-se "muito" e lê-se /muyNtu/). Assim, não é surpresa encontrar muito "muinto" escrito nas redações e nas redes sociais. 

Referências
ALI, M.Said. Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa.  Brasília : UnB, 1964.
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior. 7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis : Vozes,1981.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ed.Rio de Janeiro : Ao livro técnico, 1976. 
NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa(fonética e morfologia ). 8.ed.Lisboa: Livraria clássica editora,1975.

domingo, 24 de janeiro de 2021

ETC. e a vírgula

1) Atualmente é  facultativo o uso da vírgula antes de etc., no entanto,  os grandes gramáticos  em sua maioria colocam vírgula antes de etc.

2) Cegalla(2008) esclarece : "ETC. Abreviatura da expressão latina et cetera 
(= e as demais coisas). 1.Costuma-se usar vírgula antes dessa abreviatura, embora ela contenha a conjunção e: Consertam-se fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc."

3) Aliás, a defesa para não se usa a vírgula antes de etc. é etimológica, quem apoia tal doutrina, argumenta que não se usa vírgula antes da conjunção "e" (et). Todavia, se essa verdade etimológica for usada como justificativa, devemos abolir o "se" de suicida-se por ser redundante. Continua Cegalla: "este uso da vírgula [antes de etc.] é abonado pelo Vocabulário Ortográfico da ABL e por filólogos e gramáticos (Aurélio, Celso Cunha, Bechara, Gama Kury). Todavia, não constitui erro omitir 
o dito sinal de pontuação, neste caso. Há gramáticos, como Pasquale Cipro Neto, e lexicógrafos, como Houaiss, que não o usam." 
Cegalla utiliza a vírgula antes de etc. em vários verbetes do seu Dicionário de dificuldades da língua portuguesa.

4) Para Costa (2004), a vírgula é obrigatória: "quanto à pontuação, a rigor, seria etimologicamente inconcebível o uso da vírgula antes de etc.,(...)". Além disso, Arnaldo Niskier (apud Costa, 2004) diz que a vírgula deve ser usada. E que o argumento de que originalmente a palavra já contém o "e"(et) não vale, pois o que conta é o acordo ortográfico vigente, e, diga-se de passagem, já não falamos latim, mas sim português.
Mesmo o novo Acordo Ortográfico (2008) traz a vírgula antes do etc

5) Saconni (2008) também considera a vírgula obrigatória: "não são poucos que desconhecem o PVOLP (pequeno vocabulário da língua portuguesa, que traz a vírgula em todos os seus parágrafos);
daí encontramos a referida abreviatura sem a competente é necessária  vírgula anteposto até em compêndios que versam sobre a língua portuguesa."

6) William R. Cereja e Thereza C. Magalhães (2008) consideram obrigatório o uso da vírgula: "(...) o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. precedido de vírgula."

7) Não se deve usar a conjunção "e" antes de etc.:
Ex.: Comprou leite, carne, suco e etc. (errado). 
As pessoas escrevem assim porque vêem etc. como uma palavra, não pensam  no seu sentido etimológico. É por isso que se coloca "e" antes de etc. 

8) A vírgula é recomendada antes de etc., já que a pronúncia também colabora pelo uso da vírgula:
Ex.: Comprou leite, carne, suco  etc.
Ex.: Comprou leite, carne, suco, etc.
A segunda frase soa melhor, porque sempre fazemos uma pausa. 

9) Alguns proliferadores de mitos gramaticais dizem que etc.  deve se referir só a objetos e coisas. Mas isso não é verdade. "Pode-se empregar etc., mesmo com referência a pessoas e animais."(Cegalla,2008).
Ex.: No museu havia gatos ,cães, aves, etc.

10) Pelo uso nos seus livros, grandes mestres da gramática normativa, que não tocaram no assunto, nos dão à ideia de vírgula: 

A) facultativa: Mattoso Câmara Jr. (1972, 1981, 2002) e Said Ali (1964). Novos autores de gramáticas  preferem não usar, mesmo admitindo que o uso é facultativo: Fernando Pestana (2019), Marcelo Rosenthal (2011), Manoel Pinto Ribeiro (2011).

 B) obrigatória: Celso Cunha (1980), Cunha/Cintra (2001), Eduardo Carlos Pereira (s/d), Rocha Lima (2000),  Evanildo Bechara(2002, 2006, 2009), Silveira Bueno (1968), Epifânio Dias (1970), Adriano da Gama Kury (1972, 1991), Sousa da Silveira (1983), Heráclito Graça (2005 [1903]), Celso Pedro Luft (2002), Gladstone Chaves de Melo (1976), Mário Barreto (1954,1980), José Joaquim Nunes (1975), Luiz A.P. Victoria (1954), Ismael de Lima Coutinho (1976) e Francisco Fernandes (1990). Outros estudiosos que usam a vírgula: Otelo Reis (1994), Jarbas Cavalcante de Aragão (1944), N.Zanotto (1986), Eduardo Martins (1997), T.H.Maurer Jr. (1968), Leodegário A. de Azevedo Filho (2004), Horácio Rolim de Freitas (1997), Platão/Fiorin (2007) e Othon M.Garcia (2006).

Polêmica, polêmica...da Língua Portuguesa culta. Mesmo hoje o uso sendo facultativo, o assunto ainda causa divergência.

Referências 
ALI, M.Said.Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa. Brasília: UnB, 1964. 
BARRETO, Mário. Novos estudos da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro, Presença, 1980.
BARRETO, Mário. Factos da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro, Org. Simões, 1954.
BECHARA, Evanildo.  Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.
BECHARA, Evanildo.  Lições de português  pela análise sintática .18.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior.7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis : Vozes,1981.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Manual de expressão oral & escrita . 21. ed. Petrópolis: Vozes,2002.
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso.  Princípios de linguística geral. 4.ed. Rio de Janeiro : Livraria Acadêmica ,1972.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.
CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens : vol.3: ens. médio.5.ed.São Paulo: atual, 2008.
COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium,2004.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ed.Rio de Janeiro : Ao livro técnico, 1976. 
CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da língua portuguesa. 7.ed. Rio de Janeiro : FENAME, 1980.
CUNHA, Celso & CINTRA , Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro : Nova fronteira, 2001.
DIAS, Augusto Epiphanio da Silva. Syntaxe histórica portuguesa. 5.ed. Lisboa: Livraria clássica editora , 1970.
FERNANDES, Francisco. Dicionário de verbos e regimes. 37.ed. São Paulo: Globo, 1990. 
FILHO, Leodegário A. de Azevedo. Descrição e funcionamento da língua portuguesa. Rio de Janeiro : H. P. Comunicação, 2004.
FIORIN,Luiz José; SAVIOLI,Francisco Platão.  Para entender o texto:leitura e redação. 17.ed.São Paulo :Ática, 2007. 
FREITAS, Horácio Rolim de . Princípios de Morfologia.4.ed.Rio de Janeiro : Oficina do autor , 1997. (Investigações linguísticas )
GARCIA,Othon M. Comunicação em prosa moderna . 26.ed.Rio de Janeiro : FGV,2006.
GÓES, Carlos. Syntaxe de concordância .6 ed. Rio de Janeiro, Renato Americano, 1935.
GÓES, Carlos. Syntaxe de regência.3 ed. Petrópolis, L.Silva & Cia, 1931.

KURY,  Adriano da Gama, Gramática fundamental da língua portuguesa:nível médio. São Paulo : Lisa-livros irradiantes S.A.,1972.
KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática . 5.ed. São Paulo : Ática, 1991. 
LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.
LOBATO, Lúcia Maria Pinheiro.  Os verbos auxiliares em português contemporâneo.Critérios de Auxiliaridade. In Análises linguísticas,  p.27-91. Petropólis: Vozes, 1975.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8.ed. São Paulo : editora Ática, 2002. 
MARTINS, Eduardo.  Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo . 3.ed.São Paulo : O Estado de São Paulo, 1997. 
MAURER JR,Theodoro Henrique. O infinito flexionado português. São Paulo, USP,1968.
MELO, Gladstone Chaves de . Ensaio de estilística da língua portuguesa. Rio de Janeiro : Padrão,  1976. 
NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa(fonética e morfologia ). 8.ed.Lisboa: Livraria clássica editora,1975.
PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática expositiva : curso superior.  94.ed. São Paulo : Companhia editora nacional, sem data. 
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed.  Rio de Janeiro. Editora método,  2019.
REIS,Otelo. Breviário da conjugação de verbos. 53.ed.Rio de Janeiro : Francisco Alves,1994.
RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos.5.ed.Rio de Janeiro.  Campus concursos, 2011.
SACONNI, Luiz Antonio. Nossa gramática completa Saconni: teoria e prática.  29.ed. São Paulo : Nova geração, 2008.
SILVEIRA, Sousa da. Lições de português.  9.ed. Rio de Janeiro :Presença, 1983. 
VICTORIA, Luiz A. P.Dicionário de dificuldades , erros e definições de português. Rio de Janeiro : Pongetti,1954.
ZANOTTO, Normelio. Estrutura mórfica da língua portuguesa. Caxias do Sul, EDUCS, 1986. 

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE : PORQUÊ, PORQUE, POR QUÊ e POR QUE

Quem nunca teve dúvidas de quando usar um desses quatros porquês? Se tem um assunto espinhoso de língua portuguesa é este.  1) A...