quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

PALÍNDROMOS

Palíndromo [do grego palíndromos, que corre atrás](Cegalla, 2008).

Então palíndromos são palavras ou frases  que podem  ser lidos nos dois sentidos, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita. Ou seja, "indiferentemente, da esquerda para a direita, conforme o sentido habitual da leitura, ou da direita para a esquerda, sem que haja mudança da sua significação. São também chamados de anacíclicos." Segundo nos informa a professora Flávia Neves, do site Norma Culta

Exemplos de palíndromos (palavras)
-afã;
-ala;
-ama;
-Ana;
-anã;
-anilina;
-arara;
-asa;
-ele;
-esse;
-mamam;
-matam;
-metem;
-mirim;
-mussum;
-oco;
-osso;
-ovo;
-racifica.

Exemplos de palíndromos (frases)
 -Aí, Lima falou: “Olá, família”.
-Roma me tem amor;
-Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos!
-A mala nada na lama;
-A grama é amarga;
-A Rita, sobre vovô, verbos atira;
- Rir, o breve verbo rir;
- Anotaram a data da maratona;
- Assim a aia ia a missa;
- A diva em Argel alegra-me a vida;
-A mala nada na lama;
- A torre da derrota;
- Saíram o tio e oito Marias;
- O lobo ama o bolo;
- A cara rajada da jararaca.

Números palíndromos
Os números palíndromos ou palindrômicos, também chamados de capicua, são números que podem ser lidos da esquerda para a direita ou vice-versa.(Cegalla, 2008).
Exemplos : 
-505;
-2002;
-878;
-1221;
-15651;
-865568;
-6321236.

Referências 
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.

NEVES,  Flávia . Palíndromo: exemplos de palavras e frases. Disponível em
<https://www.normaculta.com.br/palindromo-exemplos-de-palavras-e-frases/> acesso em 8 de Janeiro de 2021.

TORQUATO, Gaudêncio. Porandubas nº 384. 22 janeiro de 2014. Disponível em <https://migalhas.uol.com.br/coluna/porandubas-politicas/193982/porandubas-n--384> Acesso em 8 de janeiro de 2021.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

OXALÁ QUE...

A palavra OXALÁ (do árabe Enxá allah) tem como significado: se Deus quiser, queira Deus. É uma palavra de valor interjectivo. Segundo Mário Barreto, OXALÁ necessita de uma oração introduzida pela conjunção integrante QUE (pode ser omitida, segundo Barreto(1980 [1911]), Dias (1970 [1918]) e Cegalla(2008)) para denotar o objeto de desejo.

A) Oxalá que não chova no natal!

B) Oxalá não chova no natal!

Na análise sintática esta oração funciona como objeto direto([que] não chova no natal!) de OXALÁ. 
"No caso de elipse do conectivo QUE entre dois verbos, um subordinante e o outro subordinado, podemos incluir as construções de oxalá, que pede depois de si o verbo no subjuntivo precedido de Que" .(Barreto,1980). OXALÁ "expressa desejo e exige o verbo no subjuntivo.
Ex.: OXALÁ não sejam vãos tantos sacrifícios." (Cegalla,2008)
O mesmo vale, segundo Adriano da Gama kury (1991), para as palavras EIS e TOMARA, que também são palavras de valor intejerctivo, quando seguidas da conjunção integrante QUE, terão como objeto direto uma oração :
Ex.: TOMARA que chova. 
TOMARA: oração principal 
Que chova: oração subordinada objetiva direta
Isto vale para a palavra de origem controversa EIS, que sintaticamente possui valor de transitivo direto. 

Referências 
BARRETO, Mário. Novos estudos da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro, Presença, 1980.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.
DIAS, Augusto Epiphanio da Silva. Syntaxe histórica portuguesa. 5.ed. Lisboa: Livraria clássica editora , 1970.
KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática.5.ed. São Paulo : Ática,1991. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A pronúncia de MUITO

1)) Um dos mistérios mais persistentes da gramática histórica da  língua portuguesa . 
2)) MUITO é uma palavra nasal sem marca gráfica de nasalidade: til (~), m ou n. Este  é um caso único de ditongo nasal sem sinal de nasalação. “Está à espera de solução o obscuro problema das vogais que se nasalaram sem terem após si N ou M”, escreveu o eminente mestre Said Ali (1964). E acrescenta Mattoso Câmara (1981):"muito menos usual, é lícito ainda considerar um ditongo nasal /úy (n)/, que aparece em MUITO , sem indicação gráfica da nasalidade."
3)) Com frequência em redações de alunos e nas redes sociais podermos encontrar a grafia "muinto". O fenômeno aqui é bem fácil de explicar: a pronúncia da palavra (MUINTO/[/muyNtu/]) não corresponde a sua parte gráfica(MUITO). 
4)) A palavra MUITO se originou do latim MULTU, que durante a evolução da língua latina para a portuguesa, sofreu o processo de vocalização da consoante lateral, isto é, o fonema /l/ se transformou em /i/ , e o /u/ virou /o/.  No início, é bom lembrar que o ditongo /uy/ era oral, prova disso é a forma reduzida MUI, segundo alguns estudiosos. Com o tempo, a nasalidade da consoante M (de MUITO) foi assimilada pelo ditongo, que se tornou, /uyN/.
5)) Sobre a nasalação, Silveira Bueno (1968) diz que "a presença de uma nasal pode estender a sua influência assimiladora à vogal seguinte, nasalando-a também: mi/mim, mae/mãe, muito/muinto."
6)) A respeito da origem da nasalidade em MUI/MUITO, José Joaquim Nunes(1975 [1911]) afirma o seguinte: " embora MUI e MUITO  sejam formas clássicas, nas cantigas 38 e 453 do Cancioneiro da Ajuda[séc.XIII], aparecem já nasaladas, como mostram as grafias MUYN e MUINTO donde se conclui não se moderna na língua a nasalização(...)". Já o gramático Said Ali pensa diferente: " No extraordinariamente usado MUITO , foi tão tardia a mudança, que o cantor d'Os Lusíadas[séc. XVI] ainda podia dar-lhe para rima FRUITO e ENXUITO. Não se sabe a  data da alteração definitiva, porque em MUITO e MUI  nunca se assinalou - caso único - a vogal nasal pela escrita. Que em português antigo se pronunciava a tônica como U puro e fora de dúvida, porque, em caso contrário, não lhe faltaria o til, sinal tão profusamente usado naquela época."
7)) Este fenômeno fonético da nasalidade de "muito", todavia não é representado na nossa escrita(escreve-se "muito" e lê-se /muyNtu/). Assim, não é surpresa encontrar muito "muinto" escrito nas redações e nas redes sociais. 

Referências
ALI, M.Said. Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa.  Brasília : UnB, 1964.
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior. 7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis : Vozes,1981.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ed.Rio de Janeiro : Ao livro técnico, 1976. 
NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa(fonética e morfologia ). 8.ed.Lisboa: Livraria clássica editora,1975.

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE : PORQUÊ, PORQUE, POR QUÊ e POR QUE

Quem nunca teve dúvidas de quando usar um desses quatros porquês? Se tem um assunto espinhoso de língua portuguesa é este.  1) A...