Há muitos verbos que possuem na norma exemplar uma regência (assistir ao jogo) e outra na norma coloquial (assistir o jogo). O caso aqui do verbo namorar é o mesmo. A norma exemplar aceitar: Miguel namora Antônia. A norma coloquial: Miguel namora com Antônia.
A tradição gramatical trata o verbo namorar como transitivo direto, por isso condena o seu uso indireto.
No entanto, o uso condenado é apoiado por Antenor Nascentes (1967), Vera Lúcia Rodrigues (2003) e Celso Pedro Luft (2002). Luft comenta que: "a regência primitiva e de transitivo direto, aliás no sentido de 'inspirar amor a', evolução que é de enamorar. Puristas condenam, por isso, a regência namorar com..., que no entanto é normal considerando-se os traços 'companhia, encontro' e 'conversa', uso 'perfeitamente legítimo, moldado em casar com e noivar com' (Aurélio)"
Costa (2004), em posição mais tradicional, não abona a regência indireta, contudo lista como apoiadores da dupla regência: Aires da Mata Machado Filho e Silveira Bueno.
Nascentes (1967) assegura que a analogia com os verbos casar com/noivar com trouxe a preposição para namorar. A construção já parece no século XVIII.
Referências
COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium, 2004.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8.ed. São Paulo: editora Ática, 2002.
NASCENTES, Antenor. O problema da regência. 3.ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S.A.,1967.
RODRIGUES, Vera Cristina. Dicionário Houaiss: Verbos, conjugação e uso de preposições. 1.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.
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