O sujeito pleonástico ou sujeito duplo é um assunto pouco abordado pelos gramáticos.
O pleonasmo consiste numa repetição, "para fim expressivo, de termo já enunciado em determinada função sintática."(Kury,1991). Ex.: Os medíocres, ESSES deixam-se levar sem resistência na torrente das inovações. (Mário Barreto apud Othon M. Garcia (2006).
Esta repetição é utilizada por uma necessidade expressiva, ou seja, um reforço para enfatizar o termo repetido. A repetição do sujeito, como nos lembra M.P. Ribeiro (2011), pode surgir depois de verbos causativos e sensitivos. Além disso, Ribeiro (2011) diz que o termo que se tornará pleonástico, ficará no início da frase. E que consiste na antecipação de um termo nominal da oração, que depois se relembra, no lugar próprio, com um pronome na mesma função sintática.(Kury,1991).
Vejamos o exemplo de Ribeiro (2011):
Ex.: O MENINO (sujeito)/que veio comigo/ mandei-/O (sujeito) voltar.
Kury (1991):
"'Mas AS COISAS FINDAS,
muito mais que lindas,
ESSAS ficarão'(C.Drummond )
O pronome ESSAS , equivalente de AS COISAS FINDAS, é sujeito pleonástico."
Carlos Góes (1931) apresenta os seguintes exemplos de reforço do sujeito:
A) O sujeito é repetido, porque se lhe segue um, ou mais vocativos:
Ex.: Tu só, TU, puro amor... (Camões)
B) O sujeito é repetido, porque é cortado de orações incidentes :
Ex.: TU, QUE DIRIGISTE MEUS PASSOS...Tu, A QUEM DEVO todas as minhas inspirações...
C) O sujeito é repetido por ênfase :
Ex.: Este, ESTE é o meu Deus (Garrett).
Ex.: E se a lei, ESSA lei nefanda, batesse à minha porta... (Ruy Barbosa)
D) O sujeito é repetido por um pronome :
Ex.: O peito, ESSE, ESSE mal contido amor transborda (Machado de Assis)
E) O sujeito é reforçado por um expletivo idiomático :
Ex.:Faltam ELLES homens (Teix.de Vasc.)
E Mestre Said Ali (1964,p.105) afirma que para representar pleonasticamente o sujeito usa-se ESSE/ISSO:
EX.: A sciencia, ESSA é invulneravel (C.Castelo Branco).
Enfim, apesar de não recomendado na escrita culta, não há problema na escrita literária que visa registrar este fenômeno linguístico.
Referências
ALI, M.Said.Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa. Brasília : UnB, 1964.
GÓES, Carlos. Syntaxe de regência.3 ed. Petrópolis, L.Silva & Cia, 1931.
KURY, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática . 5.ed. São Paulo : Ática, 1991.
RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.