domingo, 24 de janeiro de 2021

ETC. e a vírgula

1) Atualmente é  facultativo o uso da vírgula antes de etc., no entanto,  os grandes gramáticos  em sua maioria colocam vírgula antes de etc.

2) Cegalla(2008) esclarece : "ETC. Abreviatura da expressão latina et cetera 
(= e as demais coisas). 1.Costuma-se usar vírgula antes dessa abreviatura, embora ela contenha a conjunção e: Consertam-se fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc."

3) Aliás, a defesa para não se usa a vírgula antes de etc. é etimológica, quem apoia tal doutrina, argumenta que não se usa vírgula antes da conjunção "e" (et). Todavia, se essa verdade etimológica for usada como justificativa, devemos abolir o "se" de suicida-se por ser redundante. Continua Cegalla: "este uso da vírgula [antes de etc.] é abonado pelo Vocabulário Ortográfico da ABL e por filólogos e gramáticos (Aurélio, Celso Cunha, Bechara, Gama Kury). Todavia, não constitui erro omitir 
o dito sinal de pontuação, neste caso. Há gramáticos, como Pasquale Cipro Neto, e lexicógrafos, como Houaiss, que não o usam." 
Cegalla utiliza a vírgula antes de etc. em vários verbetes do seu Dicionário de dificuldades da língua portuguesa.

4) Para Costa (2004), a vírgula é obrigatória: "quanto à pontuação, a rigor, seria etimologicamente inconcebível o uso da vírgula antes de etc.,(...)". Além disso, Arnaldo Niskier (apud Costa, 2004) diz que a vírgula deve ser usada. E que o argumento de que originalmente a palavra já contém o "e"(et) não vale, pois o que conta é o acordo ortográfico vigente, e, diga-se de passagem, já não falamos latim, mas sim português.
Mesmo o novo Acordo Ortográfico (2008) traz a vírgula antes do etc

5) Saconni (2008) também considera a vírgula obrigatória: "não são poucos que desconhecem o PVOLP (pequeno vocabulário da língua portuguesa, que traz a vírgula em todos os seus parágrafos);
daí encontramos a referida abreviatura sem a competente é necessária  vírgula anteposto até em compêndios que versam sobre a língua portuguesa."

6) William R. Cereja e Thereza C. Magalhães (2008) consideram obrigatório o uso da vírgula: "(...) o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. precedido de vírgula."

7) Não se deve usar a conjunção "e" antes de etc.:
Ex.: Comprou leite, carne, suco e etc. (errado). 
As pessoas escrevem assim porque vêem etc. como uma palavra, não pensam  no seu sentido etimológico. É por isso que se coloca "e" antes de etc. 

8) A vírgula é recomendada antes de etc., já que a pronúncia também colabora pelo uso da vírgula:
Ex.: Comprou leite, carne, suco  etc.
Ex.: Comprou leite, carne, suco, etc.
A segunda frase soa melhor, porque sempre fazemos uma pausa. 

9) Alguns proliferadores de mitos gramaticais dizem que etc.  deve se referir só a objetos e coisas. Mas isso não é verdade. "Pode-se empregar etc., mesmo com referência a pessoas e animais."(Cegalla,2008).
Ex.: No museu havia gatos ,cães, aves, etc.

10) Pelo uso nos seus livros, grandes mestres da gramática normativa, que não tocaram no assunto, nos dão à ideia de vírgula: 

A) facultativa: Mattoso Câmara Jr. (1972, 1981, 2002) e Said Ali (1964). Novos autores de gramáticas  preferem não usar, mesmo admitindo que o uso é facultativo: Fernando Pestana (2019), Marcelo Rosenthal (2011), Manoel Pinto Ribeiro (2011).

 B) obrigatória: Celso Cunha (1980), Cunha/Cintra (2001), Eduardo Carlos Pereira (s/d), Rocha Lima (2000),  Evanildo Bechara(2002, 2006, 2009), Silveira Bueno (1968), Epifânio Dias (1970), Adriano da Gama Kury (1972, 1991), Sousa da Silveira (1983), Heráclito Graça (2005 [1903]), Celso Pedro Luft (2002), Gladstone Chaves de Melo (1976), Mário Barreto (1954,1980), José Joaquim Nunes (1975), Luiz A.P. Victoria (1954), Ismael de Lima Coutinho (1976) e Francisco Fernandes (1990). Outros estudiosos que usam a vírgula: Otelo Reis (1994), Jarbas Cavalcante de Aragão (1944), N.Zanotto (1986), Eduardo Martins (1997), T.H.Maurer Jr. (1968), Leodegário A. de Azevedo Filho (2004), Horácio Rolim de Freitas (1997), Platão/Fiorin (2007) e Othon M.Garcia (2006).

Polêmica, polêmica...da Língua Portuguesa culta. Mesmo hoje o uso sendo facultativo, o assunto ainda causa divergência.

Referências 
ALI, M.Said.Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa. Brasília: UnB, 1964. 
BARRETO, Mário. Novos estudos da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro, Presença, 1980.
BARRETO, Mário. Factos da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro, Org. Simões, 1954.
BECHARA, Evanildo.  Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.
BECHARA, Evanildo.  Lições de português  pela análise sintática .18.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior.7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis : Vozes,1981.
CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Manual de expressão oral & escrita . 21. ed. Petrópolis: Vozes,2002.
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso.  Princípios de linguística geral. 4.ed. Rio de Janeiro : Livraria Acadêmica ,1972.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.
CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens : vol.3: ens. médio.5.ed.São Paulo: atual, 2008.
COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium,2004.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ed.Rio de Janeiro : Ao livro técnico, 1976. 
CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da língua portuguesa. 7.ed. Rio de Janeiro : FENAME, 1980.
CUNHA, Celso & CINTRA , Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro : Nova fronteira, 2001.
DIAS, Augusto Epiphanio da Silva. Syntaxe histórica portuguesa. 5.ed. Lisboa: Livraria clássica editora , 1970.
FERNANDES, Francisco. Dicionário de verbos e regimes. 37.ed. São Paulo: Globo, 1990. 
FILHO, Leodegário A. de Azevedo. Descrição e funcionamento da língua portuguesa. Rio de Janeiro : H. P. Comunicação, 2004.
FIORIN,Luiz José; SAVIOLI,Francisco Platão.  Para entender o texto:leitura e redação. 17.ed.São Paulo :Ática, 2007. 
FREITAS, Horácio Rolim de . Princípios de Morfologia.4.ed.Rio de Janeiro : Oficina do autor , 1997. (Investigações linguísticas )
GARCIA,Othon M. Comunicação em prosa moderna . 26.ed.Rio de Janeiro : FGV,2006.
GÓES, Carlos. Syntaxe de concordância .6 ed. Rio de Janeiro, Renato Americano, 1935.
GÓES, Carlos. Syntaxe de regência.3 ed. Petrópolis, L.Silva & Cia, 1931.

KURY,  Adriano da Gama, Gramática fundamental da língua portuguesa:nível médio. São Paulo : Lisa-livros irradiantes S.A.,1972.
KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática . 5.ed. São Paulo : Ática, 1991. 
LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.
LOBATO, Lúcia Maria Pinheiro.  Os verbos auxiliares em português contemporâneo.Critérios de Auxiliaridade. In Análises linguísticas,  p.27-91. Petropólis: Vozes, 1975.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8.ed. São Paulo : editora Ática, 2002. 
MARTINS, Eduardo.  Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo . 3.ed.São Paulo : O Estado de São Paulo, 1997. 
MAURER JR,Theodoro Henrique. O infinito flexionado português. São Paulo, USP,1968.
MELO, Gladstone Chaves de . Ensaio de estilística da língua portuguesa. Rio de Janeiro : Padrão,  1976. 
NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa(fonética e morfologia ). 8.ed.Lisboa: Livraria clássica editora,1975.
PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática expositiva : curso superior.  94.ed. São Paulo : Companhia editora nacional, sem data. 
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed.  Rio de Janeiro. Editora método,  2019.
REIS,Otelo. Breviário da conjugação de verbos. 53.ed.Rio de Janeiro : Francisco Alves,1994.
RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos.5.ed.Rio de Janeiro.  Campus concursos, 2011.
SACONNI, Luiz Antonio. Nossa gramática completa Saconni: teoria e prática.  29.ed. São Paulo : Nova geração, 2008.
SILVEIRA, Sousa da. Lições de português.  9.ed. Rio de Janeiro :Presença, 1983. 
VICTORIA, Luiz A. P.Dicionário de dificuldades , erros e definições de português. Rio de Janeiro : Pongetti,1954.
ZANOTTO, Normelio. Estrutura mórfica da língua portuguesa. Caxias do Sul, EDUCS, 1986. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

PRECIOSISMO

"Certa vez, um ladrão pulou o muro da casa de Rui Barbosa para roubar uma galinha. No alvoroço, o grande tribuno acordou do profundo sono, e se dirigiu ao galinheiro. Lá chegando, viu o ladrão já com uma de suas galinhas, e passou o carão :   
– Não o interpelo pelos bicos de bípedes palmípedes, nem pelo valor intrínseco dos retrocitados galináceos, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se foi por mera ignorância, perdôo-te, mas se foi para abusar da minha alta prosopopéia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada no alto da tua sinagoga que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas.   

O ladrão, pasmo e sem entender patavina, tascou : 

 – Cumé, doutor, posso levar ou não a galinha?" (Gaudêncio Torquato, 2014).

O PRECIOCISMO consiste no emprego de frases empoladas (uso de flexões do mais-que-perfeito do indicativo, o emprego da mesóclise, do pronome oblíquo, inversão sintática , arcaísmos), palavras rebuscadas e pouco habituais no uso atual da língua. Assim o PRECIOSISMO "consiste em contrariar o uso geral e a tradição, quer substituindo expressões correntes por outras novas e desusadas, quer reduzindo a variedade de expressões a tipos únicos , tudo por obedecer a cânones imaginários e a supostos  princípios inflexíveis de lógica. (...) Ao contrário do barbarismo e do solecismo, que brotam espontâneos na classe dos indoutos, nasce o emprego do preciosismo do estudo meditado, porém falso, de indivíduos de melhor preparo. "(Said Ali,1964). Por isso é considerado um vício de linguagem. Veja alguns exemplos.
1) "De cereal em cereal que o galináceo empanturra o bócio"(Jô Soares) = De grão em grão que a galinha enche o papo. 
2) "A veneranda  hospedaria das relíquias dos primeiros da terra "= o cemitério. 

 Assim esse rebuscamento da linguagem  resulta na falta de clareza, ou seja, foi isso que  impossibilitou a  comunicação entre Rui e o ladrão . 

Referências 
ALI, M.Said. Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa.  Brasília : UnB, 1964.
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior.7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.
TORQUATO, Gaudêncio. Porandubas nº 384. 22 janeiro de 2014. Disponível em <https://migalhas.uol.com.br/coluna/porandubas-politicas/193982/porandubas-n--384> Acesso em 8 de janeiro de 2021.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

1)) A língua portuguesa no Brasil não é homogênea, como nenhuma língua é. As variações ocorrem por causa de diferentes fatores históricos, regionais, socioculturais e socioeconômicos. Essas variações acontecem tanto na parte fonética quanto na parte morfológica, sintática, léxica e semântica.
 2)) Vejamos uma questão sobre isso: (Nucepe/Uepi-SEMAG- Professor de Língua Portuguesa-2020)  
 Vantagens da unificação ortográfica 
Patenteiam-se as vantagens de uma unificação ortográfica pelo esforço por que  de há muito vêm lutando as duas academias, até chegar a este momento histórico de sete nações independentes se reunirem para a concretização desse propósito comum. A possibilidade dessa unificação e os resultados positivos de toda sorte que dela se hão de colher são atestados pelas nações em cujas línguas os textos são escritos conforme uma unificação ortográfica. Assim se apresentam, por exemplo, os textos — oficiais ou não — em espanhol, ainda que editados na Espanha, no México ou na Argentina, guardadas as particularidades linguísticas que distinguem cada uma dessas variedades. 
(BECHARA, Evanildo. A nova ortografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, pág. 27 - ADAPTADO) 
26. No segundo parágrafo do texto, a referência às variedades linguísticas regionais de Espanha, México e Argentina, nações que têm o espanhol como língua oficial, sinaliza que essas variedades são de natureza 
a) diafásica. 
b) diatópica. 
c) diacrônica. 
d) diastrática. 
e) situacional.

Típica questão para professores-concurseiros  de língua portuguesa. Vamos entender cada uma das alternativas sobre variações linguísticas: 
A) variação diafásica (situacional) é quando a língua apresenta mudanças dependendo do contexto. Ninguém usar o mesmo modo de falar num bar e na igreja. Assim o falante num contexto poderá ser formal (Faculdade, trabalho, cerimônia de casamento ou formatura dependendo da intimidade com os interlocutores )ou informal(amigos, família,  bar). Lembre-se de que tanto a língua falada quanto à escrita podem ser formal e informal , será o contexto que definirá. Ex.: Você escreve um e-mail formal para um desconhecimento. Para um amigo, poderá utilizar uma linguagem informal.  

B) GABARITO
 A variação diatópica é quando uma língua apresenta variações de uma região para outra ( geográfica,  regional , dialetal) . Essas variações se relacionam com o léxico, com construções sintáticas e ao sentido das palavras. Assim a língua espanhola é a mesma , porém com mudanças de um país para outro. 

C) A variação diacrônica (histórica) é quando uma língua sofre mudanças através do tempo. E quando dois estágios da língua podem ser comparados para demostrar essa mudança. 

D) A variação diastrática (social,sociocultural) a língua apresenta variações dependendo das camadas sociais distintas (socioeconômico) e grupos sociais variados (profissionais da mesma área : políticos, jornalistas, jogadores, etc.). Gírias e jargões são muito usados.

E) É uma pegadinha da banca, tem relação com a variação diafásica.

Bacana esta questão.

              Referências 
BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.
CUNHA, Celso & CINTRA , Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro : Nova fronteira, 2001.
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed.  Rio de Janeiro. Editora método,  2019.
RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.

 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

NOMES PRÓPRIOS INCOMUNS

1)) Dentro da lexicografia , existe um ramo que estuda a origem dos nomes próprios: ONOMÁSTICA. Ela se ocupa de estudar os nomes próprios de pessoas (Antroponímia) e os nomes de lugar( Toponímia). Silveira Bueno, baseado em Leite de Vasconcelos,  acrescenta à Pantonímia (estudo de "todos os demais nomes próprios alheios ao homem e ao lugar , tais como : nomes de astros, de ventos , de entidades mitológicas,  etc.").  Bueno  também apresenta a divisão do estudo dos nomes próprios conforme Rebelo Gonçalves:
Toponímia - nomes de lugares.
Antroponímia - nomes de pessoas.
Patronímia- nomes que indicam a origem e a linhagem da pessoa.
Prosonímia- apelidos humanos.
Etnonímia- nomes de povos ,tribos , castas , comunidades religiosas e políticas.
Hieronímia- nomes sagrados.
Mitonímia- nomes de seres da mitologia e da fábula.
Astronímia- nomes de astros, estrelas, etc.
Crononímia- nomes dos séculos , das eras ,dos meses, etc.
Heortonímia- nomes das festas. 
Biblionímia- nomes dos livros e das obras célebres da literatura universal. 

2)) Drummond analisa que "o nome próprio extravagante é motivo de riso, que faz sofrer seu portador em benefício do fígado alheio, mas sua motivação é sociológica e psicologicamente séria". Drummond destaca que, "na hora de colar ao filho uma etiqueta para toda a vida, não só a imaginação se põe a trabalhar. Entram no jogo o espírito religioso, a definição política, a fascinação por supostos heróis do dia, o desejo de transferir ao recém-nascido virtudes e glórias de um modelo prestigioso, pela identidade onomástica". (apud Manoel Pinto Ribeiro, 2011).

3)) Mário Souto Maior reuniu num livro "Nomes próprios pouco comuns", que é a sua grande contribuição ao estudo da antroponímia brasileira. Vejamos alguns exemplos:
-Antônio Dodói; 
-Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado; 
-Magnésia Bisurada do Patrocínio; 
-Naída Navinda Navolta Pereira;
- Abecê Nogueira;
- Barrigudinha Seleida;
- Eclesiaste Cardeal da Costa;
- Gilete Queiroga de Castro.
Nas redes sociais também há inúmeros exemplos de nomes extravagantes.

Referências 
BUENO, Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa: curso superior.7.ed. São Paulo: Saraiva,1968.

RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

ADVÉRBIOS podem exercer a função de SUJEITO ?

Dentro da tradição gramatical,  o advérbio normalmente só exerce função de adjunto adverbial.

Porém,  além de poder ser predicativo do sujeito (A vida é ASSIM), ele poderá ser SUJEITO,  segundo os  estudiosos: Evanildo Bechara(2006), Eneida Bomfim(1988), Cláudio Cezar Henriques(2005). Vejamos exemplos da estudiosa Eneida Bomfim, os cinco primeiros, e do gramático Evanildo Bechara, os dois últimos:
 1) HOJE e AMANHÃ são dias de festa. 
2) ONTEM foi um dia péssimo. 
3) AMANHÃ será outro dia.      
4) AQUI é o melhor lugar do mundo. 
5)  continua um paraíso.
6) HOJE é segunda-feira. 
7) AQUI é ótimo para a saúde.

Segundo Henriques (2005): "A função de sujeito não é privativa de substantivos, pronomes e numerais. Os advérbios de base nominal e pronominal também podem desempenhar esta é outras funções que tradicionalmente não lhe são atribuídas.

Ex.: Não gosto DAQUI. Advérbio de base pronominal como objeto indireto.  

Ex.: O filme de HOJE está bom. Advérbio de base nominal como núcleo de adjunto adnominal : a locução adjetiva , neste caso , é formada por preposição + advérbio.

Ex.: ALI parece sujo. Advérbio de base pronominal como sujeito."

Só para fechar: Adriano da Gama Kury (1991) apesar de não mencionar explicitamente, faz uma citação com advérbio como sujeito :
Ex.: AMANHÃ é feriado nacional. (Aníbal Machado).

Referências 

BECHARA, Evanildo.  Lições de português  pela análise sintática .18.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
BOMFIM, Eneida. Advérbios. São Paulo : Ática, 1988.
HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe portuguesa para a linguagem culta contemporânea: teoria e prática. 5.ed. Rio de Janeiro : EdUERJ,2005.
KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática.5.ed. São Paulo : Ática,1991. 

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE : PORQUÊ, PORQUE, POR QUÊ e POR QUE

Quem nunca teve dúvidas de quando usar um desses quatros porquês? Se tem um assunto espinhoso de língua portuguesa é este.  1) A...