quarta-feira, 29 de julho de 2020

Dúvidas com relação à grafia das palavras ?... Então conheça o VOLP, da ABL.

 O Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras (ABL), "é o responsável pela grafia oficial das palavras do Brasil", isso é o que a gente houve. O certo é que a ABL é responsavel pelo formulário ortográfico. 


1)) blog dicionário e gramática afirma que o VOLP não tem  valor legal nem oficial. Mas é  utilizado com tal propósito aqui no Brasil. E que o acordo ortográfico deve ser seguido quando houve divergências com o VOLP. Há muitas diferenças entre o acordo e o VOLP. Entretanto, caso você tenha alguma dúvida relacionada à grafia de alguma palavra, não hesite, procure no VOLP, são mais de 381 mil palavras registradas. Nele há só a grafia da palavra ,às vezes,   indica a pronúncia e o plural, não trazendo o significado das palavras, já que não é um dicionário.

 2)) Algumas palavras geram dúvidas  co-herdeiro ou coerdeiro? Devido à redação do acordo ortográfico há divergências. Pelo acordo ( e pelo Vocabulário ortográfico comum (VOC)) deveria ser co-herdeiro, pelo VOLP, coerdeiro

3)) Obviamente, o VOLP não tem todas as palavras, tendo algumas omissões (ex. dona de casa). Mas isso faz parte. 
 Existe o aplicativo VOLP no Google play. Vá lá e baixe. Eu sempre uso quando tenho dúvidas e com certeza lhe será de grande ajuda. Há bons dicionários virtuais na Internet, como Michaelis, Caldas Aulete, Priberam. Recomendo todos.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Qual o plural de franco-atirador ?



O plural de certas palavras compostas provocar divergência entre dicionaristas e gramáticos. A palavra em questão está neste meio. Então qual o plural de franco-atirador ?


1) O VOLP (da ABL) registra somente franco-atiradores como plural. E essa é também a opinião de Bechara e dos dicionários Caldas Aulete, Houaiss, Priberam e Michaelis

2) Entretanto...Cegalla (2008) aceita  apenas francos-atiradores. Mas Bechara (2018) não aceita este plural: "O substantivo masculino franco-atirador 
(= combatente que age por conta própria, não fazendo parte do exército legalmente constituído; aquele que luta por um ideal sem fazer parte de uma organização; membro de escola de tiro) tem como plural franco-atiradoresNeste composto, o elemento franco refere-se aos francos (do latim tardio frâncu pelo frâncico frank, ‘certo povo germânico’). Dessa forma não se deve pluralizar francos-atiradores."
Cegalla argumenta que franco está aqui no sentido de livre (um adjetivo, assim deveria variar) e não de francês (franco-americano), cujos os primeiros elementos não varia em grau (franco-americanos). Logo,tendo o sentindo de um adjetivo deveria variar francos-atiradores. Resumindo o uso consagrou franco-atiradores como plural, mas pela regra dos compostos (adjetivo+substantivo) deveria ser francos-atiradores. Enfim...uma daquelas exceções à regra. 

Referências 

BECHARA, Evanildo. 
Novo dicionário de dúvidas da língua portuguesa. 2. ed. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2018.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed. Rio de Janeiro: lexikon; Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

sábado, 25 de julho de 2020

"Chegar em" nunca se pode usar ???

 

A maioria das gramáticas normativas brasileiras condenam "chegar em" e ponto. Fica a impressão no leitor que nunca se pode usar a preposição "em" com o verbo chegar.


 Isto está longe da verdade como ensina Evanildo Bechara (2002, 2009). Com complemento locativo não se usar a preposição em, mas a preposição a (Luft (2002), Bechara (2009), M.P. Ribeiro (2011), Cegalla (2008)), apesar de que na fala ,nas charges e nos quadrinhos, usa-se em, mas no estágio atual da língua culta não se aceita tal regência:

Chegou em casa (errado)

Chegou na casa (errado)

Chegou a casa (correta)

Então quando se usa "chegar em" na norma exemplar?
Usa-se a preposição "em" com valor de tempo:

Chegou na hora certa

Esse é o ensino de Evanildo Bechara(2002, 2009) e Manoel Pinto Ribeiro (2011). Luft (2002) diz que pode-se usar "chegar a ... (em),"no sentido de comparar-se, igualar-se: Ela não chegar à mãe  (em beleza). E no sentindo de bater, espancar: "chegar em".
Portanto, fica o ensino, pode-se utilizar "chegar em" com valor temporal.

#Obs.: A charge acima foi retirada do Google imagens.Não deixei link para o site original porque não encontrei. E pelas minhas pesquisas no Google, o site saiu do ar. 

Referências 

BECHARA, Evanildo.  Gramática escolar da língua portuguesa. 1.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8.ed. São Paulo : editora Ática, 2002. 

RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.


segunda-feira, 20 de julho de 2020

Predicativo do adjunto adverbial de companhia, do adjunto adnominal e do predicativo


A tradição gramatical nos diz que há predicativo do sujeito e dos objetos direto e indireto.


O estudioso Cláudio Cezar Henriques(2005)  nos mostra os seguintes predicativos:Predicativo do adjunto adverbial de companhia, do adjunto adnominal e do predicativo.


A)  Não saio com você desarrumada .

 Desarrumada é predicativo do núcleo do adjunto adverbial de companhia, VOCÊ.

B) Não deixarei que tirem retrato de mim nua.

Nua é predicativo do núcleo do adjunto adnominal, MIM.

CNo romance que escrevi, ela era minha irmã já envelhecida

Envelhecida é predicativo do núcleo do predicativo, IRMÃ.

Essas classificações ainda não são usuais nos compêndios de gramática.

Referências 

HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe portuguesa para a linguagem culta contemporânea: teoria e prática.  5.ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2005.

domingo, 19 de julho de 2020

Namorar com...


Há muitos verbos que possuem na norma exemplar uma regência (assistir ao jogo) e outra na norma coloquial (assistir o jogo). O caso aqui do verbo namorar é o mesmo. A norma exemplar aceitar: Miguel namora Antônia. A norma coloquial: Miguel namora com Antônia.

 A tradição gramatical trata o verbo namorar como transitivo direto, por isso condena o seu uso indireto. 


 No entanto, o uso condenado é apoiado por Antenor Nascentes (1967), Vera Lúcia Rodrigues (2003) e Celso Pedro Luft (2002). Luft comenta que: "a regência primitiva e de transitivo direto, aliás no sentido de 'inspirar amor a', evolução que é de enamorar. Puristas condenam, por isso, a regência namorar com..., que no entanto é normal considerando-se os traços 'companhia, encontro' e 'conversa', uso 'perfeitamente legítimo, moldado em casar com e noivar com' (Aurélio)"

 Costa (2004), em posição mais tradicional, não abona a regência indireta, contudo lista como apoiadores da dupla regência: Aires da Mata Machado Filho e Silveira Bueno.

 Nascentes (1967) assegura que a analogia com os verbos casar com/noivar com trouxe a preposição para namorar. A construção já parece no século XVIII.

Referências 

COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium, 2004.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8.ed. São Paulo: editora Ática, 2002. 

NASCENTES,  Antenor.  O problema da regência.  3.ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S.A.,1967.

RODRIGUES, Vera Cristina. Dicionário Houaiss: Verbos, conjugação e uso de preposições. 1.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Face a


Expressão FACE À é condenada pela maioria dos gramáticos normativos.

 Em nossa língua culta, há as locuções em face a /em face de.

1)) O  gramático Cegalla (2008) faz o seguinte alerta: "locução censurada pelos gramáticos e não acolhida pelos dicionaristas, mas frequente nos meios de comunicação e na literatura de hoje: 'Face, porém, à situação surgida, o acirramento de uma disputa seria inevitável.'(Juscelino Kubitschek, Manchete, 9/10/93.)" E acrescentar que "esta locução talvez seja imitação do francês moderno: Les Douze face à la nouvelle Europe. / Les femmes face au préservatif."

2)) A supressão da preposição em (em face a) é considerado barbarismo fraseológico.

3)) José Maria da Costa (2004) lista os seguintes autores que não aceitam a locução: Napoleão Mendes de Almeida, Edmundo Dantès Nascimento, Geraldo Amaral Arruda, Luciano Correia da Silva e Arnaldo Niskier. E Macambira (1987,p. 95) diz que face a e frente a são coloquiais. Mas... sempre tem um  gramático para dizer o contrário. E, neste caso,  o Celso Pedro Luft (2002) é a voz divergente, que registra a locução sem maiores ressalvas. A expressão  em questão vem sendo usada a muito tempo, mesmo com a condenação dos gramáticos, em meios de comunicação e trabalhos acadêmicos.  Uma simples pesquisa no Google acadêmico comprova isso: 
 E sites de jornais:

Referências 

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 2.ed.Campinas: Millenium,2004.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 8.ed. São Paulo: editora Ática, 2002. 

MACAMBIRA, José Rebouças. A estrutura Morfo-Sintática do Português. 6.ed. São Paulo: Pioneira,1987.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Orações substantivas introduzidas por COMO (=que)???



Há Orações substantivas introduzidas por COMO (=que)?

Alguns alunos com frequência indagam se COMO introduz oração subordinada substantiva? A resposta é sempre não


1)) No entanto, isso não é bem a verdade. E quem diz isso, é só um dos maiores sintaticistas da língua portuguesa Epifânio Dias (1970,p.257): "As orações substantivas são introduzidas pela conjunção que (e às vezes também por COMO)(no port.arch.CA)(...)"
Na página 263, Dias acrescenta: "O português arcaico médio empregava frequentemente o advérbio como pela conjunção que. Todavia, esta prática (hoje quase antiquada) é muito restrita e quase só se dá depois de verbos sensitivos e declarativos, e em sumários de capítulos:

quãdo souberon como Hercolles era viindo em Espanha, prougue-lhe ende muyto (Lenda da Vinda de Hercules Lisboa, apud Leite de Vasconcelos, Textos Arcaicos, 46 [...] visto como elle fora citado perentoriamente (Diego Aff. ,78).

Em sumários também se diz: de como, em como, e também depois dos verbos declarativos (no português arcaico, também depois dos verbos sensitivos), e dos substantivos correspondentes: em como:

Em quanto isto assi passavan foy dito a elrey em como ho Arcebispo recusava fazer o que tinha prometido [...].(Diego Aff.,71)."

2)) No português moderno não cabe tal ensino.  Dos gramáticos brasileiros que conheço, só Adriano da Gama kury segue tal ensino tanto na sua Gramática fundamental da língua portuguesa (1972) quanto nas Novas lições de análise sintática (1991). Diz o estudioso na Gramática fundamental da língua portuguesa (1972,p.181):  "São apenas QUE e COMO (para a declaração certa),  e SE ( para declaração duvidosa).
 Ex: Aposto QUE (ou COMO) você admirou a conquista da lua."  

Prossegue a explicação :" a palavra COMO só é conjunção integrante quando substituível por QUE" como a frase do exemplo acima.

3)) Em Novas lições de análise sintática (1991,p.72): "são introduzidas por uma das conjunções integrantes QUE ou SE, mais raramente COMO (=QUE)."

Deve estar aí nesse uso arcaico, a origem para a dúvida de alguns estudantes de hoje. Deixo aqui um link para interessante resposta de Carlos Rocha (do site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa) sobre como/em como.


Referências 

DIAS, Augusto Epiphanio da Silva. Syntaxe histórica portuguesa. 5.ed. Lisboa: Livraria clássica editora , 1970.

KURY,  Adriano da Gama, Gramática fundamental da língua portuguesa:nível médio. São Paulo : Lisa-livros irradiantes S.A.,1972.

KURY,  Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática . 5.ed. São Paulo : Ática, 1991. 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Tipos de gramáticas

Quais tipos de gramáticas existem?




Algumas pessoas ficam supresas quando eu digo que há diferentes tipos de gramáticas. Na cabeça delas há somente "aquela que é estudada na escola", ou seja, a famosa gramática normativa

Então vamos conhecer algumas: 

1) GRAMÁTICA HISTÓRICA:"é a ciência que estuda os fatos de uma língua, no seu desenvolvimento sucessivo, desde a origem até a época atual(...) remontando no passado as suas origens, ao seu período de formação,  explica-nos as transformações por que essa mesma língua passou, na sua evolução através do espaço e do tempo" (COUTINHO,1976,p.13)
Nem toda língua possui uma gramática histórica porque não tem passado, por exemplo: o esperanto e outras línguas artificiais. A língua portuguesa possui algumas gramáticas históricas, deixarei aqui quatro indicações :

A) Compêndio de gramática histórica, de José Joaquim Nunes.

B) A conhecidíssima Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho.

C) Gramática histórica da língua portuguesa , do Mestre brasileiro Said Ali.

D) Sintaxe histórica portuguesa, do Epifânio Dias.


2) GRAMÁTICA DESCRITIVA: É uma disciplina científica  que estuda e registra  os fatos atuais da língua sem julgar se é certo ou errado , ela apenas descrever. 
Aqui no Brasil, indico às gramáticas descritivas do Mário Perini e a do Ataliba de Castilho


3) GRAMÁTICA NORMATIVA:  estuda os fatos da língua e prescreve o certo e o errado, impondo as regras de bem  escrever e de  falar, estas regras são baseadas nas obras de grandes escritores. 
É uma disciplina  não científica, sua finalidade é pedagógica, ( BECHARA, 2009,p.52) didática por excelência, que tem por objetivo ensinar as normas que em determinada época , representam o ideal da expressão correta (ROCHA LIMA, 2000,p.7). É a estudada na escola e também a de maior prestígio social.
As principais gramáticas normativas atuais são :

A) Moderna gramática portuguesa, do Evanildo Bechara.

B) Gramática Normativa da língua portuguesa, de Rocha Lima.

C)Gramática do Português contemporâneo, Cunha e Cintra.

D) Novíssima gramática, de Domingos Paschoal Cegalla. 
Creio que essas são quatro principais, porém há outras.

4) Além desses três tipos de  gramáticas , há ainda a gramática interna dos falantes, gramática comparativa (que estuda duas ou mais línguas do mesmo tipo, mostrando as semelhanças e diferenças existente entre elas (SAID ALI,1964,p.15), gramática de usos (analisar os usos reais, como faz Maria Helena de Moura Neves  na sua Gramática de usos do português), gramática gerativa (criada por Noam Chomsky ), gramática funcionalista (Halliday), etc. Há muitos tipos de gramáticas,  todas com um propósito específico de  estudar uma língua por diferentes ângulos, e enriquecer ainda mais o estudo dessa língua. 

OBSERVARÃO : Qualquer erro de gramática (ortografia, pontuação, concordância, etc) ou de teoria, por favor, faça um comentário apontando e será corrigido. Como qualquer ser humano podermos errar. Ficarei grato com a ajuda que venha para melhorar. 



Referências

ALI, M.Said.Gramática secundária e Gramática histórica da língua portuguesa.  Brasília : UnB, 1964. 

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.

COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ed.Rio de Janeiro : Ao livro técnico, 1976. 

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.





terça-feira, 7 de julho de 2020

A preposição é o seu valor


A preposição pode mudar totalmente o sentido de uma frase 


A preposição tem normalmente valor semântico dentro de um contexto ( há casos em que ela serve como mero conector).  O uso de uma preposição por outra causa mudança  semântica :


*A filha fala do pai

*A filha fala com o pai 

 *A filha fala sobre o pai 

*A filha fala contra o pai 

A frase ("Só é permitida a entrada de máscara.") nos causa riso porque entendemos que somente a máscara poderá entra, e não a pessoa. Mas, na verdade, o que ocorre aqui no uso pragmático, ou seja, no uso real do cotidiano da língua, é uma figura de linguagem: a metonímia , isto é,  a parte pelo todo. A máscara é tomada como parte de nós. Se na escrita, a frase acima semanticamente estaria equivocada, no uso real, dentro de um contexto, por exemplo, num restaurante, entenderíamos que somente pessoas usando máscaras poderiam entrar,  e não só as máscaras, até porque máscaras não podem andar. Não haveria equívoco. Então é isso: o povo  perceber que a máscara faz parte do corpo . Nestes tempos de pandemia, ela faz parte de todos nós. A frase poderia ser reescrita:

*Só é permitida a entrada de pessoas de máscara.

*Só é permitida a entrada  de pessoas com máscaras.

 A escrita necessita ser vigiada para evitarmos tais erros. Sei que é difícil, pois se não fosse, nenhuma gramática teria erros. O primeiro passo é praticar todos os dias com amor e carinho a nossa língua. 

OBSERVAÇÃO : Qualquer erro de gramática (ortografia, pontuação, concordância, etc) ou de teoria, por favor, faça um comentário apontando e será corrigido. Como qualquer ser humano podermos errar. Ficarei grato com a ajuda que venha para melhorar. 

#Para quem deseja saber mais sobre metonímia ( vale também consultar a parte de preposição destes livros):

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.

BECHARA, Evanildo.  Gramática escolar da língua portuguesa. 1.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

CÂMARA JR.,Joaquim Mattoso.  Dicionário de linguística e gramática. 9.ed. Petrópolis : Vozes,1981.(p.167-8)

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.

FIORIN, Luiz José; SAVIOLI, Francisco Platão.  Para entender o texto: leitura e redação. 17.ed.São Paulo :Ática, 2007. (Lição 14: Metáfora e metonímia, p.121-3)

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed.  Rio de Janeiro. Editora método,  2019.(p.830-1)



segunda-feira, 6 de julho de 2020

ÍDOLA existe ?


A forma ÍDOLA existe a muito tempo na língua portuguesa 

Alguns gramáticos, menos conhecedores do idioma, não aceitam a forma ídola. Eles argumentam que ídolo é a única existente na língua para se referi a ambos os sexos :

*Machado de Assis é meu ídolo.

*Clarice Lispector é meu ídolo

Para eles é imperdoável a seguinte frase:

Clarice Lispector é minha ídola.  


1)) A palavra ídola tem registro no dicionário de Moraes, um dos mais antigos da língua portuguesa. Além disso, é de largo uso nos tempos atuais em jornais, sites, blogs e na mídia em geral. A forma "ídala", de fato, é um coloquialismo e, por isso, deve ser evitado. Mas o caso de ídola é diferente. Sua formação esta dentro das regras da nossa morfologia. 

2)) José Maria da Costa, na sua coluna Gramatigalhas, indagado sobre o feminino de ídolo, assim respondeu : " Respondendo diretamente à indagação do leitor: ídolo é um sobrecomum, de modo que, sem variação de forma e sem distinção por artigo ou por acréscimo de determinativo acompanhante, diz respeito tanto a pessoas do sexo masculino como a pessoas do sexo feminino. Exs.: a) "Mílton Nascimento é o ídolo de muita gente" (correto); b) "Elis Regina é o ídolo de muita gente" (correto)." Com todo respeito ao autor do excepcional Manual de redação profissional, uma das coisas que tornou Costa conhecido foi sua pesquisa nos mais abalizados gramáticos normativos . Mas, nessa resposta, não há uma pesquisa profunda, por isso não deve ser levada em consideração. 


4)) Sérgio Rodrigues, na coluna Sobre palavras, demostra não conhecer a história da palavra ao escrever: "Em “ídala” a brincadeira fica ainda mais clara, pois a flexão de gênero, caso existisse na língua formal, seria ídola."

5)) Pasquale Cipro Neto registra que as palavras ídola e ídolo existem e que a última pode ser usada para ambos os sexos. 

6)) José Joaquim Nunes (1975) numa nota de rodapé, de sua gramática histórica, afirma: "o autor da EUFROSINA dá a diabo e ídolo os femininos DIABOA (do antigo masculino DIABOO) e ÍDOLA(...)".

7)) Assim a palavra ídola é  registrada em dicionários e gramáticas . É "Uma falsa afirmação que muitos sabichões vendem como verdade é a de que “ídolo” só se usa no masculino, e de que a palavra “ídola” não existe."(blog Dicionarioegramatica)


8)) Para acabar com o assunto basta dizer que o VOLP,  da ABL, registra a palavra. Assim também é registrada pela Academia das ciências de Lisboa, pelos dicionários HouaissPriberamCaldas Aulete, Cândido de Figueiredo. E o site Ciberdúvidas também reconhece a palavra ídola

9)) Para finalizar deixo aqui um link para este artigo fantástico sobre a palavra ídola no blog dicionarioegramaticaSim, existe “ídola”, feminino de “ídolo”.

1- OBSERVAÇÃO : Todos os dicionários Houaiss, Caldas Aulete, Priberam e o VOLP são virtuais. 

2-OBSERVAÇÃO : Qualquer erro de gramática (ortografia, pontuação, concordância, etc) ou de teoria, por favor, faça um comentário apontando e será corrigido. Como qualquer ser humano podermos errar. Ficarei grato com a ajuda que venha para melhorar.

Referências 

COSTA, José Maria da . Ídolo tem feminino?.  Acesso em 05 de julho de 2020. 

RODRIGUES, Sérgio. Gênia’ e ‘ídala’ são palavras aceitáveis?. Acessado em 05 de julho de 2020. 

NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa(fonética e morfologia ). 8.ed.Lisboa: Livraria clássica editora,1975.

domingo, 5 de julho de 2020

A vista /à vista.

Quando usar à vista e a vista


Com facilidade encontramos nas redes sociais inúmeras páginas que dão dicas de português.  É também com facilidade que encontramos inúmeras dicas erradas. O exemplo acima é a prova . Sem contexto não podemos dizer que estão erradas.


1) Vendeu à vista. (Vendeu a dinheiro).

2) Vendeu a vista. (Vendeu a córnea, ou os olhos).

Dependendo do uso do acento grave, haverá mudança de sentido e de análise sintática.

 Entenda que na expressão adverbial "à vista" não ocorre crase. Na verdade, nas expressões  adverbiais, prepositivas e conjuntivas há só o acento grave, ele é usando para indicar que esse "à" é pura preposição, como diz Bechara (2009), assim como Manoel Ribeiro(2011) e Rocha Lima (2000) . Said Ali explica com riquezas de detalhes no livro Meios de expressão e alterações semânticas(1930), além de dizer que o "à" é somente preposição, diz também que ele deve ser pronunciado de forma aberta. Além disso, o acento grave serve para retira a ambiguidade das frases, como foi visto acima. Agora, vamos analisar as frases anteriores com relação à análise sintática: 

1)Vendeu à vista. ( adjunto adverbial )

2) Vendeu a vista. (objeto direto).

Veja outro exemplo no qual o acento retira a ambiguidade da frase:

3) vendo à vista ( pagamento imediato).

4) vendo a vista (observando a paisagem).

Portanto, dou uma dica para quem deseja aprender português: compre uma boa gramática e faça muitos exercícios. Há muitos professores por aí ensinando de qualquer jeito. 


OBSERVAÇÃO : Qualquer erro de gramática (ortografia, pontuação, concordância, etc) ou de teoria, por favor, faça um comentário apontando e será corrigido. Como qualquer ser humano podermos errar. Ficarei grato com a ajuda que venha para melhorar. 



Referências 

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira & Lucerna, 2009.

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 38.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 2000.

RIBEIRO, Manoel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 20.ed. Rio de Janeiro: Metáfora editora , 2011.



sábado, 4 de julho de 2020

Concordância com a expressão "Número de..."

CUIDADO com a expressão O NÚMERO DE




Regras básicas  de concordância com expressões partitivas verdadeiras

1)) Vamos às regras básicas  de concordância com expressões partitivas verdadeiras , como “a maioria de”, “a minoria de”, “grande parte de”, “mais da metade”, etc.

A maior parte/um terço /a maioria dos professores aderiu à greve. (singular)

Mais da metade dos professores não compareceram à reunião (plural)

Os verbos ficaram  no singular ou plural, isso acontece porque o verbo pode concordar com a  expressão partitiva (“a maior parte”, “mais da metade”)  ou com o  especificador no plural (“dos professores”).
Exs.:
A menor/a maior parte dos professores não gostou/gostaram da semana pedagógica.

Boa parte dos professores concorda/concordam com a política da secretária de educação.

Menos/mais da metade dos professores lembra/lembram daquela aluna.

Existe uma sutil diferença de sentido:
a) com o verbo no singular, coloca-se ênfase na noção de conjunto, de grupo (foco na expressão “a menor/maior parte”, “boa parte”, “menos/mais da metade”).
b) com verbo no plural, coloca-se ênfase  nos especificadores  ( “professores”), ainda que esta seja a forma menos usual de redigir esse tipo de oração. Como recomendação, dê preferência ao singular.

2)) Depois dessa explicação, conheça algumas falsas expressões partitivas: o valor das..., a nível de..., o número de ..., o preço de...as quais são usadas de forma equivocadas pelos escritores cultos contemporâneos. 

3)) Domingos P. Cegalla (2008) afirma que com a expressão "o número de..." usa-se o verbo no singular para a oração principal e no plural para oração subordinada . SÓ o "verbo da oração adjetiva deve concordar com o substantivo que se segue à palavra número: O número de MOÇAS que se INSCREVERAM 
no concurso foi maior do que esperávamos. / É impressionante o número de PESSOAS que se 
DEIXAM enganar. O verbo da oração principal fica no sin- 
gular, concordando com o subst. número."

4)) A respeito da falsa expressão partitiva tratada aqui, Pasquale Cipro Neto
diz: "É preciso tomar cuidado particular quando faz parte do sujeito a palavra "número" ("o número de pessoas", "o número de inscritos" etc.). (...) o termo "número" não indica idéia de grupo, conjunto etc. Nesses casos, o verbo concorda com a própria palavra "número", ou seja, fica no singular: "O número de participantes caiu"; "Neste ano, o número de crimes dobrou".

5)) E continua : "A situação mais delicada não é nenhuma das vistas até agora. Pense neste caso: "O número de jogadores brasileiros que se transferem para a Europa não pára de aumentar". Por que um verbo no plural ("transferem") e outro no singular ("pára")? Porque "transferem" se refere a "jogadores", enquanto "pára" se refere a "número" (os jogadores se transferem; o número não pára de aumentar)."

6)) E acrescentar: "Nos textos jornalísticos ou nos que tratam de economia, estatística etc., são comuns frases em que, por influência da proximidade entre as formas verbais, a concordância é "igualada" (algo como "O número de médicos que participam desses projetos cresceram"). Não custa insistir: a forma adequada é "O número de médicos que participam desses projetos cresceu" (os médicos participam; o número cresceu)."

7)) Indo para o mundo dos concursos públicos. Vejamos esta questão da banca Cespe, assistente, CNPq, 2011 :
"O número de trabalhadores na área científica vem aumentando com tal rapidez que estão, atualmente, em 
atividade 90% de todos os que, até hoje, se dedicaram à 
ciência."
Julgue os itens a seguir, com relação às estruturas linguísticas do 
texto. 
Seria mantida a correção gramatical do texto caso a forma 
verbal “vem” (R.22) fosse substituída por vêm, sendo 
estabelecida, assim, a concordância com o substantivo 
“trabalhadores” (R.21).
GABARITO: certo.  Pela doutrina exposta aqui, o item deveria ser considerado errado. Como a locução verbal faz parte da oração principal, o verbo deve ficar no singular concordando com "número". 

8)) Enfim, pelo exposto, a expressão "o número de" e outras falsas expressões partitivas ficam com o verbo no singular, e não no plural. 

#OBSERVAÇÃO : Qualquer erro de gramática (ortografia, pontuação, concordância, etc) ou de teoria, por favor, faça um comentário apontando e será corrigido. Como qualquer ser humano podermos errar. Ficarei grato com a ajuda que venha para melhorar.


Referências 

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Edição de bolso. 2.ed.Rio de Janeiro : lexikon; Porto Alegre,RS: L&PM,2008.

NETO, Pasquale Cipro. "O número de pessoas que...".  https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1809200305.htm acessado em 1 de Julho de 2020. 

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE : PORQUÊ, PORQUE, POR QUÊ e POR QUE

Quem nunca teve dúvidas de quando usar um desses quatros porquês? Se tem um assunto espinhoso de língua portuguesa é este.  1) A...